Folha de São Paulo
Quando a sociedade entende os benefícios, a mudança se torna um bem cultuado e defendido
O Brasil carece de uma estratégia de longo prazo —uma visão de futuro como jamais tivemos, capaz de entusiasmar e mobilizar a nação num movimento de longo alcance, visando o crescimento econômico, o protagonismo tecnológico e a melhoraria do bem-estar da população.
Não se trata de sonho. Nossas condições são muito viáveis, em relação a países emergentes hoje mais bem-sucedidos no cenário global, se tivermos coesão para vencer as barreiras que nos enlaçam ao subdesenvolvimento. Felizmente, a superação de tais desafios depende apenas de nossa vontade e de nossas escolhas.
A agenda transformadora é conhecida e parece haver poucas dúvidas sobre seus pontos nevrálgicos e a premência de enfrenta-los, sobretudo no que se refere à inépcia da administração do Estado brasileiro e às reformas para desatar os nós que estrangulam as contas públicas, distanciando-nos da civilização.
Elas envolvem a previdência, as finanças do Tesouro Nacional e o cipoal tributário, entre outras reformas capitais. Mas continuamos sem consenso para transformar as intenções em ações efetivas.
A gestão do Estado tem de se voltar diuturnamente à eficiência, blindar-se contra os lobbies públicos e privados e concentrar energias na qualidade dos serviços prestados à sociedade.
Esse é um pré-requisito incontornável, o que implica faxinar o orçamento público para abrir espaço ao que demanda com razão a sociedade —investimento em áreas essenciais, como educação, saúde e tecnologia. É imprescindível, para tanto, também desengessar os trâmites dependentes de ajustes constitucionais, dificultando a atualização do regramento legal do país.