Estadão (publicado em 28/01/2022)
Ex-presidente do BC citou a Operação Lava Jato como exemplo de avanço da transparência no Brasil
O economista Arminio Fraga afirmou nesta quinta, 27, que, apesar de ser otimista, vê a situação atual do Brasil como “muito precária” diante das eleições gerais de outubro. Evitando citar nomes de partidos ou pré-candidatos, o ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Gávea Investimentos disse que, diante do ano eleitoral, cabe aos economistas “trazer para o eleitorado um pouco do que existe de riscos e oportunidades”.
“Sou otimista por natureza. Quando me ouço falar, até me assusto, porque estamos em situação muito precária. E ainda paira no ar esse passado que não deu certo”, afirmou Fraga, em participação durante transmissão ao vivo pela internet para marcar o lançamento do livro “O Flagelo da Economia de Privilégios” (FGV Editora), de Fernando de Holanda Barbosa, professor da EPGE, a escola de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio.
Pelo lado otimista, o ex-presidente do BC disse acreditar que é possível a economia brasileira crescer 4% ou 4,5% ao ano. No setor de infraestrutura, há tanta demanda por investimentos que seria possível viver um “boom” nos próximos anos. Para isso, bastaria uma “política mais tranquila”, com “a democracia funcionando”, a “parte fiscal sendo levada a sério” e “distorções tributárias sendo corrigidas”.
Segundo Fraga, o “boom” de investimento na infraestrutura poderia ser feito com “algum capital público”, combinado com capital privado. “Estamos vivendo um gostinho disso em saneamento. Toda a nossa infraestrutura deveria ser um paraíso para duas décadas de crescimento”, afirmou o economista.
Lava Jato
O economista citou a Operação Lava Jato como exemplo de avanço da transparência no Brasil. Segundo Fraga, embora a evolução recente seja pequena, “deve ser levado em conta” que “o lado empresarial da Lava Jato deu bastante certo”.
“Não há empresário no Brasil hoje que imagine que a impunidade irá protegê-lo. No mundo político, a coisa se enrolou, mas vejo que esse mecanismo, como classificou o (cineasta José) Padilha, uma vez exposto, é difícil de voltar”, afirmou Fraga.
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